TRABALHO - 5ª. Aula (21.09) - Pedagogia da fé na Igreja: catequese mistagógica a partir dos ritos e sinais
5ª. Aula (21.09) - Pedagogia da fé na Igreja: catequese mistagógica a partir dos ritos e sinais
Leitura
orante - Efésios 2,1-10
Vem,
Espírito Santo, abre nossa mente e nosso coração para mergulharmos no mistério
de seu infinito amor. Concede-nos a graça da leitura apaixonada e aprofundada
da Sagrada Escritura. Permite-nos meditar a Santa Palavra e com ela modificar
nossas vidas. Ensina-nos a rezar com a Palavra Divina e por meio dela
transformar nossa vida em oração. Ajuda-nos a contemplar por meio de tua
Palavra o mundo, as pessoas, a natureza e, pela contemplação fixar nosso olhar
tão somente em tua bondade e tua misericórdias infinitas. Vem, Espírito Santo,
enche-nos com tua sabedoria e com teu poder divino. Transforma, por meio da Leitura
Orante, todo o nosso ser, a fim de sermos, também nós, tua Palavra viva e
eficaz no meio do mundo em que vivemos. Vem, Espírito Santo, nós te pedidos e
imploramos, por intermédio de Jesus Cristo, Palavra do Pai, que vive e reina
pelos séculos dos séculos. Amém.
1 Vós estáveis mortos por causa de
vossas faltas e pecados,
2 nos quais vivíeis outrora,
quando seguíeis o deus deste mundo,
o príncipe que reina entre o céu e a terra,
o espírito que age agora entre os rebeldes.
3 Nós éramos deste número, todos nós.
Outrora nos abandonávamos às paixões da carne;
satisfazíamos os seus desejos,
seguíamos os seus caprichos
e éramos por natureza, como os demais, filhos
da ira.
4 Mas Deus é rico em misericórdia.
Por causa do grande amor com que nos amou,
5 quando estávamos mortos por causa das
nossas faltas,
ele nos deu a vida com Cristo.
É por graça que vós sois salvos!
6 Deus nos
ressuscitou com Cristo
e nos fez sentar nos céus
em virtude de nossa união com Jesus Cristo.
7 Assim, pela bondade, que nos demonstrou em
Jesus Cristo,
Deus quis mostrar, através dos séculos
futuros,
a incomparável riqueza da sua graça.
8 Com efeito, é pela graça que sois salvos, mediante a fé.
E isso não vem de vós; é dom de Deus!
9 Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe.
10 Pois é ele quem nos fez;
nós fomos criados em Jesus Cristo para as
obras boas,
que Deus preparou de antemão para que nós as
praticássemos.
Meditação
1.
O que esta leitura diz para mim?
2.
O que Deus fala por meio deste texto?
3.
Qual versículo me chamou mais a atenção?
4.
O que preciso mudar em minha vida a partir
dessa leitura?
Oração
Contemplação
Espírito
Santo de Deus, fonte viva de bondade, agradecidos bendizemos sua presença
salvadora e redentora no meio de nós. Espírito Santo de Deus, fonte viva de
ternura, agradecidos glorificamos sua
graça santificante no meio de nós. Espírito Santo de Deus, fonte viva de
sabedoria, agradecidos proclamamos sua companhia salvífica no meio de nós.
Espírito Santo de Deus, fonte viva de alegria, agradecidos cantamos como Maria
as maravilhas realizadas em nossas vidas. Espírito Santo de Deus, fonte viva de
esperança, agradecidos manifestamos, como os profetas e apóstolos, as graças e
bênçãos derramadas sobre nós. Espírito Santo de Deus, fonte viva de amor,
agradecidos terminamos com devoção e gratidão o exercício orante da Palavra
escrita para nós. Que possamos hoje e sempre, proclamar com a vida o que lemos,
meditamos, rezamos e contemplamos. Amém.
TEXTO
Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização,
Diretório para a Catequese. Brasília: Edições CNBB, 2020, nn. 157-181.
SEGUNDA PARTE - O PROCESSO DA CATEQUESE
CAPÍTULO V - A PEDAGOGIA DA CATEQUESE
1. A pedagogia divina na história da salvação (n.
157-163)
2. A Pedagogia da fé na Igreja (n. 164-178)
3. A pedagogia catequética (n. 179-181)
1. A pedagogia
divina na história da salvação (n. 157-163)
157.
A Revelação é a grande
obra educativa de Deus. Com efeito, também pode ser interpretada sob uma ótica
pedagógica. Nela se encontram os elementos característicos capazes de levar
à identificação de uma pedagogia divina,
capaz de inspirar profundamente a ação educativa da Igreja. A catequese
também se encontra na trilha da pedagogia de Deus. Desde o início da
história da salvação, a Revelação de Deus se manifesta como iniciativa de amor
que se expressa em tantas atenções educativas. Deus interpelou o gênero
humano, pedindo uma resposta. Ele pediu a Adão e a Eva uma resposta de fé,
em obediência a seu mandado; em seu amor, apesar da desobediência, Deus
continuou a comunicar a verdade de seu mistério pouco a pouco, gradualmente,
até a plenitude da Revelação em Jesus Cristo.
158.
O fim da Revelação é a salvação de cada pessoa que se realiza mediante
uma original e eficaz pedagogia de Deus
ao longo da história.
Deus na Sagrada Escritura se revela como um Pai misericordioso, um mestre,
um sábio (Dt 8,5; Os 11,3-4; Pr 3,11-12), que vai ao encontro da pessoa
humana na condição em que ela está e a liberta do mal, atraindo-a para si com
vínculos de amor. Progressiva e pacientemente, conduz à maturidade o povo
eleito e, nele, cada indivíduo que o escuta. O Pai, como um brilhante
educador, transforma os acontecimentos de seu povo em ensinamentos de sabedoria
(Dt 4,36-40; 11,2-7), adaptando-se às épocas e situações em que vive. Entrega
ensinamentos que serão transmitidos de geração em geração (Ex 12,25-27; Dt
6,4-8; 6,20-25; 31,12-13; Js 4,20-24), também admoesta e educa por meio das
provações e sofrimentos (Am 4,6; Os 7,10; Jr 2,30; Hb 12,4-11; Ap 3,19).
159.
Essa pedagogia divina também é visível no mistério da
encarnação quando o anjo Gabriel pede a uma jovem de Nazaré sua
participação ativa na força do Espírito Santo: o fiat de Maria é a resposta plena da fé (Lc 1,26-38). Jesus
cumpre sua missão salvífica e manifesta a pedagogia de Deus. Os discípulos
fizeram experiência da pedagogia de Jesus,
da qual os Evangelhos narram as características distintivas: o acolhimento dos pobres,
dos simples, dos pecadores; o anúncio do Reino de Deus como Boa Notícia; o
estilo de amor que liberta do mal e promove a vida. A palavra e o silêncio, a
parábola e a imagem tornam-se uma verdadeira pedagogia para revelar o mistério
do seu amor.
160.
Jesus cuidou atentamente da formação de seus discípulos em vista da
evangelização. Apresentou-se
a eles como o único mestre e, ao mesmo tempo, amigo paciente e fiel (Jo 15,15;
Mc 9,33-37; 10,41-45). Ele ensinou a verdade ao longo de toda sua vida. Ele os
interpelou com perguntas (Mc 8,14-21.27). Explicou a eles, de modo mais
detalhado, o que Ele proclamava para as multidões (Mc 4,34; Lc 12,41).
Introduziu-os à oração (Lc 11,1-2). Ele os enviou em missão não
sozinhos, mas como pequena comunidade (Lc 10,1-20). Prometeu-lhes o Espírito
Santo que os conduziria a toda a verdade (Jo 16,13), apoiando-os nos tempos
de dificuldade (Mt 10,20; Jo 15,26; At 4,31). A forma de se relacionar de Jesus
se caracteriza, portanto, por traços especialmente educativos. Jesus sabe
acolher e, ao mesmo tempo, provocar a mulher samaritana em um caminho de
gradual acolhimento da graça e da disponibilidade à conversão. Ressuscitado,
faz-se próximo dos discípulos de Emaús, caminha com eles, dialoga, condivide
suas dores. Ao mesmo tempo, provoca à abertura do coração, conduz à experiência
eucarística e a abrir os olhos para reconhecê-lo; por fim, Ele os deixa, para
abrir espaço à iniciativa missionária dos discípulos.
161.
Jesus Cristo é “o Mestre
que revela Deus aos homens e revela o homem a si mesmo; o Mestre que salva,
santifica e guia, que está vivo e que fala, desperta, comove, corrige, julga,
perdoa e caminha todos os dias conosco pelos caminhos da história; o Mestre que
vem e que há de vir na glória” (CT, n. 9). Em todos os vários meios
utilizados para ensinar quem Ele era, Jesus evocou e suscitou uma resposta
pessoal em seus ouvintes. Essa é a resposta da fé e, ainda mais profundamente,
da obediência à fé.
Essa resposta, enfraquecida pelo pecado, precisa de conversão permanente.
Jesus, de fato, como um Mestre presente e operante na vida de cada pessoa,
instrui-a a partir de dentro, trazendo-a à verdade sobre si mesma e guiando-a
para a conversão. “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que
se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do
pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo,
renasce sem cessar a alegria” (EG, n. 1).
162.
O Espírito Santo, anunciado pelo Filho antes de sua Páscoa (Jo 16,13) e prometido a todos
os discípulos, é Dom e Doador de todos os dons. Os discípulos foram guiados
pelo Paráclito ao conhecimento da verdade e testemunharam “até os confins
da terra” (At 1,8) o que do Verbo da vida haviam escutado, visto, contemplado e
tocado (1Jo 1,1). A ação do Espírito Santo em cada pessoa a impulsiona a aderir
ao verdadeiro bem, à comunhão do Pai e do Filho, sustentando-a com ação
providencial, para que possa corresponder à ação divina. Agindo no íntimo da
pessoa e nela habitando, o Espírito Santo a vivifica, conformando-a ao Filho e
a ela trazendo todos os dons de graça, permeando-a de reconhecimento, que é, ao
mesmo tempo, consolo e desejo de realizar cada vez mais profundamente sua
semelhança a Cristo.
163.
A correspondência à ação do Espírito Santo realiza uma autêntica
renovação do fiel: recebida a unção (1Jo 2,27) e comunicada a vida do Filho, o
Espírito faz dele uma nova criatura. Filhos no Filho, os cristãos recebem
um espírito de caridade e de adoção para o qual confessam sua filiação chamando
Deus de Pai. O ser humano, renovado e
feito filho, é uma criatura pneumática, espiritual, em comunhão, que se deixa
conduzir pelo sopro do Senhor (Is 59,19),
que, suscitando nele “tanto o querer como o fazer” (Fl 2,13), permite-lhe
corresponder livremente ao bem que Deus quer. “O Espírito Santo infunde a força para anunciar a novidade
do Evangelho com ousadia (parresía),
em voz alta e em todo o tempo e lugar, mesmo contracorrente” (EG, n. 259).
Essas retomadas nos permitem compreender o valor que a pedagogia divina possui
para a vida da Igreja, e quão determinante é sua exemplaridade também para a catequese, chamada a
ser inspirada e animada pelo Espírito de Jesus e, com sua graça, a moldar a
vida de fé daquele que crê.
2. A Pedagogia da fé na Igreja (n. 164-178)
164.
Os relatos dos Evangelhos atestam as características da relação educativa
de Jesus e inspiram a ação pedagógica da Igreja. Desde o início, a Igreja viveu sua
missão, “como prosseguimento visível e atual da pedagogia do Pai e do Filho.
Ela, ‘sendo nossa Mãe, é também educadora da nossa fé’. São
essas as razões profundas, pelas quais a comunidade cristã é, em si mesma, uma
catequese viva. Por aquilo que é, anuncia e celebra,
opera e permanece sempre o lugar vital, indispensável e primário da catequese.
A Igreja produziu, ao longo dos séculos, um incomparável tesouro de
pedagogia da fé: antes de mais nada, o testemunho de catequistas e de santos. Uma
variedade de vias e
formas originais de comunicação religiosa, como o catecumenato, os catecismos,
os itinerários de vida cristã; um precioso patrimônio de ensinamentos catequéticos, de
cultura da fé, de instituições e de serviços da catequese. Todos
esses aspectos fazem a história da catequese e entram, a pleno título, na
memória da comunidade e na praxe do catequista” (DGC, n. 141; CIgC, n. 169).
165.
A catequese se inspira nos traços da pedagogia divina acima descritos. Dessa forma, torna-se ação pedagógica a serviço
do diálogo da salvação entre Deus e o
gênero humano.
É importante, portanto, que tais características sejam expressas:
– tornar presente a iniciativa de amor gratuito de
Deus;
– destacar o destino universal da salvação;
– evocar a necessária conversão para a
obediência da fé;
– assumir o princípio da progressividade da
Revelação e a transcendência da Palavra de Deus, bem como sua inculturação nas
culturas humanas;
– reconhecer a centralidade de Jesus Cristo,
Palavra de Deus feita carne que determina a catequese como pedagogia da encarnação;
– valorizar a experiência comunitária da fé,
como própria do povo de Deus;
– compor uma pedagogia de sinais, na qual
fatos e palavras se relacionam vivamente;
– recordar que o amor inesgotável de Deus é a
razão final de todas as coisas.
166. O caminho de Deus que se revela e
salva, unido à resposta de fé da Igreja na história, torna-se fonte e modelo da
pedagogia da fé. A catequese, portanto, configura-se como um processo que
torna possível a maturidade da fé por meio do itinerário de cada fiel. A catequese é, portanto, pedagogia em ação da fé que realiza uma
obra de iniciação, educação e ensinamento,
tendo sempre bem clara a unidade entre o conteúdo e a modalidade na qual é
transmitido. A Igreja tem consciência de que o Espírito Santo age
efetivamente na catequese: essa presença faz da catequese uma pedagogia
original da fé.
Critérios
para o anúncio da mensagem do Evangelho
167. A Igreja, em sua ação catequética, tem o
cuidado de ser fiel ao coração da mensagem do Evangelho. “Por vezes, mesmo
ouvindo uma linguagem totalmente ortodoxa, aquilo que os fiéis recebem, devido
à linguagem que eles mesmos utilizam e compreendem, é algo que não corresponde
ao verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo. Com a santa intenção de lhes comunicar
a verdade sobre Deus e o ser humano, em algumas ocasiões, damos-lhes um falso
deus ou um ideal humano que não é verdadeiramente cristão. Deste modo, somos
fiéis a uma formulação, mas não transmitimos a substância” (EG, n. 41). Para evitar esse perigo e para que a
obra de anúncio do Evangelho seja inspirada na pedagogia de Deus, convém que a
catequese considere alguns critérios fortemente interligados entre si, uma vez
que todos provêm da Palavra de Deus.
Critério trinitário e cristológico
168.
A catequese é necessariamente trinitária e cristológica. “O mistério
da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É,
portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina” (CIgC,
n. 234). Cristo é o caminho que conduz ao mistério íntimo de Deus. Jesus Cristo
não só transmite a Palavra de Deus: Ele é a Palavra de Deus. A Revelação de
Deus como Trindade é vital para a compreensão não só da originalidade única do
cristianismo e da Igreja, mas também do conceito de pessoa como ser relacional
e comunional. Sem uma mensagem evangélica claramente trinitária – para Cristo
ao Pai no Espírito Santo – a catequese trairia sua particularidade.
169.
O cristocentrismo é o que essencialmente caracteriza a
mensagem transmitida pela catequese. Isso significa, primeiramente, que no centro
mesmo da catequese está a pessoa de Jesus Cristo vivente, presente e operante.
O anúncio do Evangelho é apresentar Cristo, e todo o resto em referência a
Ele. Além disso, uma vez que Cristo é “a chave, o centro e o fim de toda a
história humana” (GS, n. 10), a catequese ajuda o fiel a nela se inserir
ativamente, mostrando como Cristo é seu cumprimento e sentido último. Por fim,
o cristocentrismo significa que a catequese está comprometida em “transmitir
aquilo que Jesus ensina a propósito de Deus, do homem, da felicidade, da vida
moral, da morte” (DGC, n. 98), porque a mensagem do Evangelho não vem do
ser humano, mas é Palavra de Deus. Evidenciar o caráter cristocêntrico favorece
o seguimento de Cristo e a comunhão com Ele.
170.
A catequese e a liturgia, reunindo a fé dos Padres da Igreja, moldaram uma maneira
peculiar de ler e interpretar a Escritura, que ainda hoje conserva seu
valor iluminante. Isso se caracteriza por uma apresentação unitária da
pessoa de Jesus por meio de seus mistérios
(CIgC, n. 512ss), isto é, de acordo com os principais acontecimentos de sua
vida compreendidos em seu perene sentido teológico e espiritual. Esses
mistérios são celebrados nas diversas festas do ano litúrgico e são
representados nos ciclos iconográficos que adornam muitas igrejas. À
apresentação da pessoa de Jesus se unem os dados bíblicos e a Tradição da
Igreja: esse modo de ler a Sagrada Escritura é particularmente precioso na catequese.
A catequese e a liturgia jamais estão limitadas a ler separadamente os
livros do Antigo e do Novo Testamento, mas lendo-os juntos demonstraram como
somente uma leitura tipológica da Sagrada
Escritura permite colher plenamente o significado dos eventos e dos textos
que narram a única história da salvação. Tal leitura indica à catequese um
percurso permanente, ainda hoje de grande atualidade, que permite aos que
crescem na fé compreender que nada da antiga aliança foi perdido com Cristo,
mas que nele tudo encontra cumprimento. Critério
de histórico-salvífico
171.
O significado do nome de Jesus, “Deus salva”, recorda que tudo o que se
refere a Ele é salvífico. A catequese jamais pode ignorar o mistério pascal com o qual a
salvação foi dada à humanidade e que é o fundamento de todos os sacramentos e a
fonte de toda a graça. A redenção, a justificação, a libertação, a
conversão e a filiação divina são aspectos essenciais do grande dom da
salvação. “A ‘economia da salvação’ tem, por isso, um caráter histórico, uma
vez que se realiza no tempo (...) Por isso, a Igreja, ao transmitir hoje a
mensagem cristã, a partir da viva consciência que tem dessa mensagem, ‘recorda’
constantemente os eventos salvíficos do passado, narrando-os. Interpreta, à luz
deles, os atuais eventos da história humana, nos quais o Espírito de Deus
renova a face da terra, e permanece em uma confiante expectativa da vinda do
Senhor” (DGC, n. 107). A apresentação da fé, portanto, deve levar em
consideração os fatos e as palavras com os quais Deus se revelou à humanidade
por meio das grandes etapas do Antigo Testamento, da vida de Jesus Filho de
Deus e da história da Igreja.
172.
Na força do Espírito Santo, também a história da humanidade, dentro da
qual se encontra a Igreja, é história de salvação que continua no tempo. O Senhor Jesus, de fato, revela que
a história não é sem objetivo, porque leva em si a presença de Deus. A Igreja,
em seu presente peregrinar rumo ao cumprimento do Reino, é sinal eficaz do fim
para o qual o mundo está dirigido. O Evangelho, princípio de esperança para o
mundo inteiro e para a humanidade de todos os tempos, oferece uma visão que
inclui a confiança no amor de Deus. A mensagem cristã, portanto, deve ser
sempre apresentada em relação ao sentido da vida, à verdade e à dignidade da
pessoa. Cristo veio para nossa salvação, para que tenhamos vida em plenitude. “Na
verdade, o mistério do homem não se torna verdadeiramente claro senão no
mistério do Verbo Encarnado” (GS, n. 22). A Palavra de Deus, mediada pela
catequese, ilumina a vida humana, confere seu sentido mais profundo e acompanha
cada pessoa nos caminhos da beleza, da verdade e da bondade.
173.
O anúncio do Reino de Deus inclui uma mensagem de libertação e promoção
humanas, intimamente ligada ao cuidado e à responsabilidade pela criação. A salvação, dada pelo Senhor e
anunciada pela Igreja, diz respeito a todos os aspectos da vida social.
Portanto, é necessário levar em consideração a complexidade do mundo
contemporâneo e a íntima conexão entre cultura, política, economia, trabalho,
meio ambiente, qualidade de vida, pobreza, desordem social, guerras (LS, n.
17-52).80 “O Evangelho possui um
critério de totalidade que lhe é intrínseco: não cessa de ser Boa-Nova enquanto
não for anunciado a todos, enquanto não fecundar e curar todas as dimensões do
homem, enquanto não unir todos os homens à volta da mesa do Reino” (EG, n.
237). O ulterior horizonte do anúncio da salvação, no entanto, será sempre a
vida eterna. Somente nela o compromisso com a justiça e o desejo de libertação
alcançarão pleno cumprimento.
Critério da primazia da graça e da beleza
174.
Outro critério da visão cristã da vida é a primazia da graça. Toda a catequese precisa ser “uma
catequese da graça, pois pela graça somos salvos, e pela graça nossas obras
podem produzir frutos para a vida eterna” (CIgC, n. 1697). A verdade ensinada,
portanto, começa com a iniciativa amorosa de Deus e continua com a resposta
humana que vem da escuta e que é sempre fruto da graça. “A comunidade
missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor
(1Jo 4,10), e, por isso, ela sabe ir à frente” (EG, n. 24). Apesar do
conhecimento de que os frutos da catequese não dependem da capacidade de fazer
e planejar, Deus certamente pede uma verdadeira colaboração à sua graça e,
portanto, convida a investir, no serviço da causa do Reino, todos os recursos
de inteligência e de operacionalização dos quais a ação catequética tem
necessidade.
175.
“Anunciar Cristo significa mostrar que crer nele e segui-lo não é algo
apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida de um novo
esplendor e de uma alegria profunda, mesmo no meio das provações” (EG, n. 167). A catequese precisa
sempre transmitir a beleza do Evangelho que ressoou nos lábios de Jesus para
todos: pobres, simples, pecadores, publicanos e prostitutas, que se sentiram
acolhidos, compreendidos e ajudados, convidados e formados pelo próprio Senhor.
De fato, o anúncio do amor misericordioso e gratuito de Deus que se
manifestou plenamente em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o coração de querigma. Há também aspectos da
mensagem do Evangelho que são geralmente difíceis de entender, especialmente
nos momentos em que o Evangelho pede conversão e reconhecimento do pecado. A
catequese, porém, não é primeiramente a apresentação de uma moral, mas anúncio
da beleza de Deus, de que se pode fazer experiência, que toca o coração e a
mente, transformando a vida.81
Critério da eclesialidade
176. “A fé tem uma forma necessariamente eclesial,
é professada partindo do corpo de Cristo, como comunhão concreta dos crentes” (LF, n. 22). De fato, “quando a
catequese transmite o mistério de Cristo, na sua mensagem ressoa a fé de todo o
povo de Deus, ao longo do curso da história: a fé dos Apóstolos, que a
receberam do próprio Cristo e da ação do Espírito Santo; a fé dos mártires, que
a confessaram e a confessam com seu sangue; a fé dos santos, que a viveram e a
vivem em profundidade; a fé dos Padres e dos Doutores da Igreja, que a
ensinaram luminosamente; a fé dos missionários, que a anunciam continuamente; a
fé dos teólogos, que ajudam a melhor compreendê-la; e enfim, a fé dos pastores,
que a conservam com zelo e amor e a interpretam com autenticidade. Na verdade, na
catequese está presente a fé de todos aqueles que creem e se deixam conduzir
pelo Espírito Santo” (DGC, n. 105). Além disso, a catequese inicia o
fiel ao mistério da comunhão vivida, não somente na relação com o Pai por
Cristo no Espírito, mas também na comunidade de fiéis por obra do mesmo
Espírito. Educando à comunhão, a catequese educa a viver na Igreja e como
Igreja.
Critério da unidade e integridade da fé
177.
A fé, transmitida pela Igreja, é uma só. Os cristãos estão dispersos pelo
mundo inteiro, mas formam um só povo. Também a catequese, embora explicando a
fé com linguagens culturais muito diversas, não faz outra coisa senão reafirmar
um só Batismo, uma só fé (Ef 4,5). “Aqueles que se tornam discípulos de Cristo
têm direito a receber a ‘palavra da fé’ plena e integral, em todo o seu rigor e
em todo o seu vigor; não mutilada, falsificada ou diminuída” (CT, n. 30).
Portanto, um critério fundamental da catequese será também expressar a
integridade da mensagem, evitando apresentações parciais ou não compatíveis. Cristo,
de fato, não deu nenhum conhecimento secreto para alguns eleitos e
privilegiados (a chamada gnose), mas
seu ensinamento é para todos, na medida em que cada um se encontra em
capacidade de recebê-lo.
178.
A apresentação da integridade das verdades da fé deve levar em
consideração o princípio da hierarquia
das verdades (UR, n. 11):82
de fato, “todas as verdades reveladas procedem da mesma fonte divina e são
acreditadas com a mesma fé, mas algumas delas são mais importantes por exprimir
mais diretamente o coração do Evangelho” (EG, n. 36). A unidade orgânica da fé
testemunha sua essência última e permite que seja anunciada e ensinada de modo
imediato, sem reduções ou diminuições. O ensinamento, mesmo se gradual e com
adaptações às pessoas e circunstâncias, não torna ineficaz sua unidade e
organicidade.
3.
A pedagogia catequética (n. 179-181)
179. Diante dos desafios atuais, é cada
vez mais importante a consciência da reciprocidade entre conteúdo e método,
tanto na evangelização quanto na catequese. A pedagogia original da fé se
inspira na condescendência de Deus que resultará concreta pela dúplice
fidelidade – a Deus e à pessoa humana – e, portanto, pela elaboração de uma
síntese sábia entre a dimensão teológica e a antropológica da vida de fé. No
caminho da catequese, o princípio de evangelizar
educando e educar evangelizando (DGC,
n. 147; GE, n. 1-4;83 CT, n. 58)
recorda, entre outras coisas, que a obra do catequista consiste em encontrar
e mostrar os sinais da ação de Deus já presentes na vida das pessoas e, sem
abrir mão deles, propor o Evangelho como força transformadora de toda a
existência, à qual dará pleno sentido. O acompanhamento de uma pessoa em um
caminho de crescimento e conversão é necessariamente marcado pela gradualidade,
uma vez que a atitude de crer implica uma descoberta progressiva do mistério de
Deus e uma abertura e confiança a Ele que crescem ao longo do tempo.
Relação com
as ciências humanas
180.
A catequese é uma ação essencialmente educativa. Sempre foi realizada na fidelidade à
Palavra de Deus e na atenção e interação com as práticas educacionais da
cultura. Graças à pesquisa e às reflexões das ciências humanas, surgiram
teorias, abordagens e modelos que renovam profundamente a prática educacional,
contribuindo significativamente para um profundo conhecimento da pessoa humana,
das relações humanas, da sociedade e da história. Sua contribuição é
indispensável. Especialmente a pedagogia e a didática enriquecem os processos
educativos da catequese. Em conjunto com essas ciências, a psicologia também se
reveste de importante valor, especialmente porque ajuda a compreender
dinamismos motivacionais, a estrutura da personalidade, os elementos
relacionados ao sofrimento e às patologias, os diferentes estágios de
desenvolvimento e as etapas evolutivas, as dinâmicas do amadurecimento
religioso e as experiências que abrem a pessoa ao mistério do sagrado. As
ciências sociais e as da comunicação também se abrem à consciência do contexto
sociocultural em que se vive e pelo qual todos estão condicionados.
181.
A catequese deve evitar identificar a ação salvífica de Deus com a ação
pedagógica humana;
e, por essa razão, deve cuidar de não separar ou contrapor tais processos. Na
lógica da encarnação, a fidelidade a Deus e a fidelidade à pessoa humana estão profundamente
relacionadas. Deve-se levar em consideração, portanto, que a inspiração da fé,
por si só, ajuda em uma correta valorização das contribuições das ciências
humanas. As abordagens e técnicas desenvolvidas pelas ciências humanas têm
valor na medida em que se colocam a serviço da transmissão e da educação da fé.
A fé reconhece a autonomia das realidades temporais, como também das ciências
(GS, n. 36) e respeita suas lógicas que, se autênticas, estão abertas à verdade
do ser humano; ao mesmo tempo, porém, ela compreende tais contribuições no
horizonte da Revelação.
Eu acho que pra muitos que são iniciantes nesses conteúdos som fortes e quase nada se entende .mas o conteúdo e muito bom pra quem já e um leigo a mais tempo
ResponderExcluir
ExcluirMaterial muito bom
Sim, exatamente este o motivo desta escola. Queremos que os nossos catequistas tenham uma formação básica sólida. Estamos pensando sim no iniciante, o que estamos repassando é o básico que um evangelizador, catequista precisa saber para fundamentar sua ação.
ExcluirAchei muito bom, mais tem partes difíceis de entender
ResponderExcluirNão se preocupe filha, vai anotando suas dúvidas e aos poucos vai se compreendendo tudo.
Excluir🙏🙌🙌
Excluir1_o amor de Deus para comigo é forte,mesiricordio,ele nós criou epara viver está bgrandiosa obra do Senhor.
Excluir2-Que Deus nós salvou e nos libertou de nossas faltas e nós deu sua vida é nós ressuscitou em Cristo mediante nossa fé.
3-8me chamou mais atenção.
4-Praticar o bem,ser misericordioso,alimentar minha fé,viver e trabalhar nas obras de Deus.A sagrada Escritura nós encima a seguir Jesus Cristo sempre
Também acho o vocabulário difícil para iniciantes. Já tenho um pouco de e experiência na catequese, mas sinceramente, se for saber tudo o que escrevem nesta pedagogia, faz a gente desistir. Vejo a catequese como algo simples e direto como Jesus ensinou.
ResponderExcluir1:Que devemos ter fé em Deus e seu filho pois só Deus é nossa salvação.
Excluir2:Que seremos salvos pela graça e na presença de Cristo.
3:Mas Deus, é rico em misericórdia,pelo grande amor com que nos amou.
4:Praticar minha fé e de minha família sinto que falta mais oração em família
Estou aprendendo muito, e a sabedoria do padre Edivaldo em preparar a leitura orante é muito cativante, ele tem um jeito muito especial para conduzir os encontros,, parabéns padre, Deus lhe ilumine sempre.Agora pra mim está muito claro e está bem mais fácil exercitar a leitura orante : primeiro fazendo a leitura, segundo meditação,, terceiro oração e quarto a contemplação.
ResponderExcluirCom essa maneira de buscar a Deus, sentimos mais íntimo e confiante ao.amor de Deus.
Que maravilha... isso mesmo. Mais do que teoria,, a prática da oração, este abandonar-se em Deus. Sem esta experiência mística, dificilmente conseguiremos ser catequistas mistagógicos, como nos pedem os documentos da Igreja, seguindo o exemplo de nossos santos padres da Igreja.
ExcluirOlá, boa tarde. Deus abençoe. Eu li os comentários e também os trabalhos e fico com duas impressões: primeiro, que realmente precisamos desta escola e a segunda é que estão aproveitando bastante. Talvez não se deram conta, mas estamos ministrando um curso de extensão em catequese, ou seja, um estudo que transmite os fundamentos básicos para se tornar um mistagogo da fé, de acordo com os documentos da Igreja. As questões elaboradas por todos, nos ajudam e nos impulsionam ainda mais nesta árdua caminhada. Continuemos firmes e perseverantes. Nas próximas aulas, entraremos em questões mais práticas, mas sem deixar de lado a teoria que fundamenta todo o nosso agir catequético.
ResponderExcluir162. (...)sustentando-a com ação providencial, para que possa corresponder à ação divina.(...) O que é essa ação providencial?
ResponderExcluirTrabalho maravilhoso ,cada encontro mais aprofundamento para minha missão de catequisar. Obrigado padre Edivaldo e equipe.
ResponderExcluirA catequese torna-se ação Pedagógica a serviço do diálogo da Salvação entre Deus e o gênero humano
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