3ª. Aula: 31.08 - Elementos básicos de Liturgia (II)


 

3ª. Aula: 31.08 - Elementos básicos de Liturgia (II)

DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE - CAPÍTULO II

A IDENTIDADE DA CATEQUESE

1.  Natureza da catequese (n. 55-65)

2.  A catequese no processo da evangelização (n. 66-74)

3.  Finalidade da catequese (n. 75-78)

4.  Atividades da catequese (n. 79-89)

5.  Fontes da catequese (n. 90-109)

 

4. Atividades da catequese (n. 79-89)

Iniciar à celebração do mistério

(DpC n. 81) Além de favorecer um conhecimento vivo do mistério de Cristo, a catequese também tem a missão de ajudar na compreensão e na experiência das celebrações litúrgicas. Por meio dessa atividade, a catequese ajuda a compreender a importância da liturgia na vida da Igreja, inicia à consciência dos sacramentos e à vida sacramental, especialmente ao sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja. Os Sacramentos, celebrados na liturgia, são um meio especial que comunicam plenamente aquele que é anunciado pela Igreja.

(DpC n. 82) A catequese também educa a atitudes que as celebrações da Igreja exigem: alegria pelo caráter festivo das celebrações, o sentido comunitário, a escuta atenta da Palavra de Deus, a oração confiante, o louvor e a ação de graças e a sensibilidade aos símbolos e sinais. Por meio da participação consciente e ativa nas celebrações litúrgicas, a catequese educa à compreensão do ano litúrgico, verdadeiro mestre da fé, e do significado do Domingo, dia do Senhor e da comunidade cristã. A catequese também ajuda a valorizar as expressões de fé da piedade popular.

 

5. Fontes da catequese (n. 90-109)

PALAVRA

TRADIÇÃO

MAGISTÉRIO

LITURGIA (ANO LITÚRGICO)

SANTOS E MÁRTIRES

TEOLOGIA

CULTURA CRISTÃ

BELEZA

(DpC n. 98) A exigência de um itinerário mistagógico tem por base essa estrutura fundamental da experiência cristã, da qual emergem três elementos essenciais (SCa, n. 64):

a. a interpretação dos ritos à luz dos eventos salvíficos, em conformidade com a Tradição da Igreja, relendo os mistérios da vida de Jesus, particularmente seu mistério pascal, em relação a todo o percurso veterotestamentário;

b. a introdução ao sentido dos sinais litúrgicos, de modo que a catequese mistagógica desperte e eduque a sensibilidade dos fiéis à linguagem dos sinais e dos gestos que, unidos à palavra, constituem o rito;

c. a apresentação do significado dos ritos para a vida cristã em todas as suas dimensões, para evidenciar o elo entre a liturgia e a responsabilidade missionária dos fiéis, além de fazer crescer a consciência de que a existência dos fiéis é gradualmente transformada pelos mistérios celebrados.

A dimensão mistagógica da catequese não se reduz, porém, ao aprofundamento da iniciação cristã após ter recebido os sacramentos, mas envolve também sua inserção na liturgia dominical e nas festas do ano litúrgico com as quais a Igreja já nutre os catecúmenos e as crianças batizadas bem antes de poderem receber a Eucaristia ou antes que tenham acesso a uma catequese orgânica e estruturada.

 

CAPÍTULO V - A PEDAGOGIA DA CATEQUESE

1.  A pedagogia divina na história da salvação (n. 157-163)

2.  A Pedagogia da fé na Igreja (n. 164-178)

3.  A pedagogia catequística (n. 179-181)

(DpC n. 170) A catequese e a liturgia, reunindo a fé dos Padres da Igreja, moldaram uma maneira peculiar de ler e interpretar a Escritura, que ainda hoje conserva seu valor iluminante. Isso se caracteriza por uma apresentação unitária da pessoa de Jesus por meio de seus mistérios (CIgC, n. 512ss), isto é, de acordo com os principais acontecimentos de sua vida compreendidos em seu perene sentido teológico e espiritual. Esses mistérios são celebrados nas diversas festas do ano litúrgico e são representados nos ciclos iconográficos que adornam muitas igrejas. À apresentação da pessoa de Jesus se unem os dados bíblicos e a Tradição da Igreja: esse modo de ler a Sagrada Escritura é particularmente precioso na catequese. A catequese e a liturgia jamais estão limitadas a ler separadamente os livros do Antigo e do Novo Testamento, mas lendo-os juntos demonstraram como somente uma leitura tipológica da Sagrada Escritura permite colher plenamente o significado dos eventos e dos textos que narram a única história da salvação. Tal leitura indica à catequese um percurso permanente, ainda hoje de grande atualidade, que permite aos que crescem na fé compreender que nada da antiga aliança foi perdido com Cristo, mas que nele tudo encontra cumprimento. Critério de histórico-salvífico

 


O ANO LITÚRGICO E O SEU CICLO[1]

            A Igreja, como Mãe e Mestra, quer nos ajudar a melhor celebrar e viver os mistérios sagrados por meio do ano litúrgico. O ano litúrgico é o tempo que a Igreja determina para celebrar o Mistério Pascal de Cristo. Podemos afirmar que o ano litúrgico é um caminho pedagógico-espiritual que ajuda o cristão, particularmente o catequista a crescer na busca por uma santidade comprometida com o serviço aos outros.

O ano litúrgico não é uma ideia, mas uma Pessoa, o próprio Cristo e o Seu Mistério Pascal, atuado no tempo oferecido e comunicado aos fiéis mediante as ações sacramentais e que hoje a Igreja celebra como “memória”, “presença” e “profecia”. [2]

O ano litúrgico inicia-se com o primeiro domingo do advento e encerra-se com a festa de Cristo Rei do Universo. Ele passa e perpassa pela encarnação, nascimento, sofrimento, ressurreição e glorificação de Jesus, nosso único Salvador, Redentor e Libertador.

Na visão do Concílio Vaticano II, o ano litúrgico deve ser entendido como uma verdadeira liturgia e não simplesmente uma sequência de datas pré-estabelecidas dentro de um calendário de celebrações religiosas. É a presença sacramental-ritual do Mistério de Cristo ao longo de todos os dias do ano.

...é a celebração e a atualização do mistério de Cristo no tempo. Portanto, não se pode reduzir a um simples calendário de dias e meses com celebrações religiosas próprias, porque é a presença de modo sacramental e ritual do mistério de Cristo no espaço-tempo dos homens.

O ano litúrgico (ano cristão) e o ano civil são diferentes, inclusive a data de início de cada um deles. A organização do ano litúrgico como temos hoje é resultado de um processo que foi se construindo ao longo dos dois mil anos de cristandade. Nos primeiros séculos do cristianismo só havia o domingo como fonte primordial da celebração do Mistério Pascal de Jesus.

O domingo, dia do Senhor, dia de sua ressurreição é o núcleo, a pedra fundamental, a origem e o centro da celebração do ano litúrgico. A partir desse dia em que os primeiros cristãos faziam a sua celebração semanal, nasceu e foi se desenvolvendo ao longo dos séculos o ano litúrgico. No início do cristianismo não havia nenhuma outra celebração que não fosse a que denominaram “Fração do Pão”; posteriormente Ceia do Senhor, Cálice do Senhor e Eucaristia (At 2,42; 1 Cor 16,2; At 20, 7-11; Mt 28, 1; Lc 24, 1.13; Jo 20, 1.19) e que agora chamamos de Missa. [5

É muito interessante que o nome que deram ao domingo foi primeiro dia depois de sábado e esse primeiro dia tem ligação com o livro do Gênesis que trata da criação (Gn 1), particularmente ligado a criação da luz. Justino faz a conexão da criação com a ressurreição e por isso escreve: “reunimo-nos, portanto no dia do sol, porque é o primeiro dia no qual Deus, transformadas as trevas e a matéria, plasmou o mundo, e no qual Jesus Cristo, Salvador do mundo, ressuscitou dos mortos”.

Voltando ao aspecto do ano litúrgico, consideramos que os cristãos das origens ao celebrarem a sua páscoa no domingo estavam se distanciando do judaísmo e construindo a própria identidade cristã, inclusive no que se refere às questões celebrativas. A Igreja primitiva tem consciência de celebrar o Mistério Pascal do Senhor. Esse mistério é o fato central e memorial do Senhor na vida da Igreja nascente.

O núcleo central da organização do tempo na liturgia é o mistério da Páscoa de Jesus. Em Jesus, os primeiros cristãos reconheceram o Messias, o esperado, o libertador, o Salvador. Sua morte-ressurreição foi para eles o sinal da intervenção decisiva de Deus na história e o começo da parusia, da plenitude, da plena realização do Reino de Deus. Por isso, pouco a pouco foram substituindo o Sábado, como dia sagrado ao Senhor, pelo “primeiro dia da semana”, dia da ressurreição de Jesus. Mais tarde, outros dias sagrados do povo judeu foram sendo reinterpretados com base em Jesus, o Cristo, principalmente as festas da Páscoa e de Pentecostes. O mesmo aconteceu com as várias horas da oração diária. Nessa prática das comunidades primitivas encontramos a base da atual organização do tempo litúrgico, com seu ritmo diário, semanal e anual, com suas celebrações em circunstâncias especiais da vida pessoal, comunitária e social. Aquilo que aconteceu de “uma vez por todas”, em Jesus, acontece para nós, simbólico, sacramental e espiritualmente, “toda vez que” é atualizado ritualmente pela memória litúrgica. Todo o tempo litúrgico, porém, continua marcado pela esperança, pela espera por aquilo que há de vir. [9]

Após a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, o domingo retoma a sua significância inicial. Sendo considerado o dia principal, nenhuma celebração pode se sobrepor a ele ou substituí-lo.

O ano litúrgico está organizado em dois grandes ciclos: o da Páscoa e o do Natal. Eles possuem uma dinâmica própria de celebração. Há sempre o momento forte da celebração propriamente dita, precedido pela vivência da preparação e do prolongamento.

O ciclo da Páscoa é o mais importante de todo o ano litúrgico, inicia-se com os quarenta dias de sua preparação, isto é, a quaresma que começa na quarta-feira de cinzas. Nesse período, a Igreja convida os fiéis cristãos à vivência intensa da oração, da conversão e da penitência, tendo como objetivo celebrar intensamente a ressurreição de Jesus. Tempo de purificação e iluminação em função do catecumenato.

Na Igreja dos inícios do cristianismo, os catecúmenos, isto é, os que estavam se preparando para receber o sacramento do batismo intensificavam sua preparação. No Brasil, desde de 1964, por iniciativa de D. Eugênio Sales de Araújo, então bispo de Natal, no Rio Grande do Norte, teve início a Campanha da Fraternidade que tem por objetivo exortar os fiéis cristãos a vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da quaresma.

Após a celebração da Páscoa da ressurreição do Senhor, inicia-se o tempo pascal que tem a duração de cinquenta dias, finalizando com a festa de Pentecostes. Santa Atanásio, no século IV, afirmava que os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes deveriam ser celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa, como se fosse “um grande domingo”. Após esse período recomeça-se o tempo comum, que tinha sido interrompido com a Quaresma.

O ciclo do Natal inicia-se também com uma intensa preparação de quatro semanas, denominada Advento. Se na quaresma vive-se intensamente um tempo especial de oração, conversão e penitência, no advento vive-se um tempo de espera e expectativa, que nos convida a vigiar não só pelo nascimento do Senhor, mas pela segunda vinda. É um tempo que desperta e aguça o nosso desejo da manifestação definitiva do Senhor quando ele consumirá o tempo e a história e criará um novo céu e uma nova terra.

A vinda de Jesus nos faz esperar com alegria e esperança. É uma espera ativa e confiante, que inspira e sustenta nossa fidelidade e testemunho de vida cristã. Não é tempo de penitência, apesar da cor litúrgica ser o roxo. Nesse período, insere-se o nascimento de Jesus, o Natal, e a festa da epifania, palavra grega que significa a manifestação do Salvador a toda a humanidade. Os magos do Oriente, que não são reis, representam todos os povos que recebe e adora o Cristo, Filho de Deus. Esse ciclo encerra-se com a festa do Batismo do Senhor.

O Tempo Comum, considerado também um ciclo importante para celebração e vivência do ano litúrgico, e que se entrelaça entre os dois ciclos, inicia-se no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das primeiras vésperas do primeiro domingo do Advento. Esse ciclo tem a duração de 33 ou 34 domingos. Nele não se celebra um aspecto particular do Mistério de Cristo, mas o mesmo Mistério em seu conjunto, repercutindo em nosso cotidiano, e por isso, denomina-se Tempo Comum.

Os textos do evangelho proclamados no Tempo Comum evidenciam os episódios comuns de Jesus desde o chamamento dos discípulos até os ensinamentos que narram o fim dos tempos. São apresentados neste tempo algumas festas do Senhor e a celebração das testemunhas do Mistério Pascal como, por exemplo, a Virgem Maria, os apóstolos, os evangelistas e demais santos e santas.

Quanto à celebração dos santos, e sobretudo da Virgem Maria, a Igreja permite seu culto, na medida em que celebramos não o santo em si, mas o Mistério Pascal de Cristo vivido por esse santo, e a vitória de Cristo, nele, sobre o pecado. E ainda, na medida em que podem ser para nós modelos de seguimento de Jesus, de discipulado concreto em nossa vida.

Enfim, o Ano Litúrgico, é um caminho espiritual e celebrativo que nos une ao mistério e à pessoa de Jesus Cristo, nos congrega na unidade do Corpo místico do Senhor, a Igreja, da qual somos membros vivos, nos faz atuar o nosso sacerdócio batismal e nos mobiliza a agir no mundo na perspectiva da Jerusalém celeste a começar pela Jerusalém terrestre.



[1] CARVALHO, Humberto Robson de. Liturgia: elementos básicos para a formação de catequistas. São Paulo: Paulus, 2018. Pg. 83-92

[2] GÓMEZ, C. H. O. O plano de formação para leitores e ministros da Palavra, p. 187.

[3] BUYST, I., JOÃO FRANCISCO, M. O mistério celebrado: memória e compromisso II. São Paulo: Paulinas, Espanha: Siquén, 2014, p. 107.

[4] CORDEIRO, J. M. Corações ao alto: introdução à liturgia da Igreja. Lisboa: Paulus, 20’14, p. 101.

[5] De acordo com uma explicação de Santo Agostinho, ele afirmava que a palavra missa tem sua origem no substantivo saída, em latim, missio. Os catecúmenos, isto é, os que se preparavam para receber o sacramento do Batismo, após a liturgia da Palavra, deviam ir embora, o que por sua vez, se transformou no nome da celebração, por isso o autor afirma indevidamente, isto é, o que era um ato passou a ser o nome da celebração.

[6] GÓMEZ, C. H. O. Plano de formação para leitores e ministros da Palavra, p. 188.

[7] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 1345.

[8] CADERNOS DE LITURGIA. Ano litúrgico como realidade simbólico-sacramental, p. 29.

[9] BUYST, I., JOÃO FRANCISCO, M. O ministério celebrado: memória e compromisso II, p. 119-120.

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